Resenha: A Rainha Vermelha, de Victoria Aveyard


No último ano, uma ressaca literária -a maior minha vida, me rendeu um número tão baixo de leituras que minha “eu” de dois anos atrás, que leu em média oitenta livros anuais, ficaria assustada e decepcionada. Felizmente, num momento de tédio eu resolvi tentar de novo, (afinal o que seria mais um livro abandonado?) e me deparei com a leitura mais fluida em tempos. Isso aconteceu graças à uma trilogia cujo primeiro livro eu já possuía e vou adorar apresentar à vocês.

Ano: 2015 / Páginas: 422
Idioma: português
Editora: Seguinte

O mundo de Mare Barrow é dividido pelo sangue: vermelho ou prateado. Mare e sua família são vermelhos: plebeus, humildes, destinados a servir uma elite prateada cujos poderes sobrenaturais os tornam quase deuses.
Mare rouba o que pode para ajudar sua família a sobreviver e não tem esperanças de escapar do vilarejo miserável onde mora. Entretanto, numa reviravolta do destino, ela consegue um emprego no palácio real, onde, em frente ao rei e a toda a nobreza, descobre que tem um poder misterios, mas como isso seria possível, se seu sangue é vermelho?
Em meio às intrigas dos nobres prateados, as ações da garota vão desencadear uma dança violenta e fatal, que colocará príncipe contra príncipe - e Mare contra seu próprio coração.
A Rainha Vermelha é uma distopia criada por Victoria Aveyard, onde conhecemos um mundo com uma nova opressão. Em Norta existem dois tipos de pessoas: os vermelhos e os prateados. Os primeiros representam a parte pobre da população, que serve aos outros sem o direito de se imaginar em outra posição. Caso eles não trabalhem para os prateados, eles possuem a obrigação de ir pra guerra, o que também não é minimamente bom. Já os prateados são a nobreza, que além do poder e dinheiro, também possuem poderes que normalmente envolvem dominar elementos, como eletricidade, metal e fogo, assim como curar ou invadir a mente. Os nomes dados aos grupos se referem ao tipo de sangue que possuem e por isso seria complicado se passar pelo tipo oposto, pois um dourado não ficaria corado e sim pálido, por exemplo


O que seria, para esse sociedade tão bem delineada, descobrir que suas predefinições são falhas? É isso que a trilogia pretende responder. Neste primeiro livro acompanhamos os primeiros contatos de Mare com os dourados. Aquela que antes era uma ladra por não conseguir emprego se vê trabalhando diretamente para o rei e em seguida envolvida na maior polêmica de sua vida. Vivemos consigo autodescobertas que seriam importantes não só pra ela, que inclusive poderiam causar sérios problemas para a parte dourada da população. É assim que se inicia uma jornada empolgante para o leitor que conhece esse universo.


Ainda que o começo do livro tenha um clima clichê, trazendo a velha história da plebeia que conhece o príncipe sem saber quem ele é, Victoria faz um trabalho incrível em cima das possibilidades. A Seleção, Jogos Vorazes e diversas trilogias bem famosas tem certa influência e isso poderia fazer o livro ser mais do mesmo, mas não, vários elementos adicionados na medida certa criaram uma história intrigante. É como dizem, nem tudo o que parece é, qualquer definição que alguém queira dar vai se mostrando pouco ao decorrer das história, cheia de reviravoltas de tirar o fôlego.


Por isso mesmo, é arriscado falar individualmente dos personagens, que ganham novas perspectivas, deixando o risco de spoiler sempre presente. Pela humanidade existente em todos eles, como a dor que viver à sombra se alguém, o desejo de ser melhor no que gosta ou a pura vontade de salvar quem ama, é complicado tomar partido nas intrigas criadas, pois tudo ali o leitor já pode ter sentido e entender. Posso dizer que acompanhamos dois príncipes lutando para ser o que são, um verdadeiro soldado e alguém bom e suficiente. Também temos uma protagonista cativante justamente por ser real o tempo todo e rei e rainha com muito mais histórias por trás.


A autora é sábia em todo o tempo e consegue transformar qualquer clichê em algo surpreendente. Com uma narrativa em primeira pessoa, que gera uma proximidade muito positiva, o leitor se sente motivado em todo o tempo, pois sempre há o que descobrir. Mal posso esperar pra saber o que o segundo livro (já publicado) nos trás!

pra um antigo amor

Já faz tanto tempo e eu ainda escrevo sobre você. Leminski não estava mentindo quando disse que amor se transforma em matéria prima pra dor ou rima. Doeu, viu? e muito. Eu curei escrevendo. Lendo, ah, seria impossível, qualquer romance parecia ter um pouco de nós.

Hoje eu estava me perguntando porque você seria diferente, porque Derek diria que o tal beijo que faz todos os outros não contarem mais seria o seu. Certamente não foi o primeiro de seu nome, nem do signo e nem da combinação dos dois. Seus gostos em muito se assemelhavam a todos os outros, eu literalmente tentei gostar daquela serie por várias vezes, por várias pessoas. Os assuntos também eram os mesmos, independente de qual fase da vida eles apenas se adaptavam. Nada era igual... mas nada era diferente (?)

Tem coisas que se qualquer outra pessoa dissesse eu certamente me afastaria. Não era nem sobre mim, mas sobre o mundo, eu que sempre me vi observando os pequenos detalhes do fundo, me deparei com alguém da superfície, meio Ariel. Você não gostava de filmes musicais!! enquanto não há uma só vez em que passa A Escolha Perfeita e eu não assista nem que seja só o final. Dos meus filmes favoritos, só vejo música e amor, o que pra você era simplesmente chato e irreal. Nós éramos os mais diferentes e nos encaixamos numa estranha simétrica.

Mas aí foi indo, indo e... nada. Parecia que corríamos lado a lado achando que ficaríamos frente a frente. Na verdade, eu acabei descobrindo, corríamos cada vez mais pro lado, o mais distante que parecíamos suportar. Uma hora, não sei se você percebeu, pelo menos eu não, mas a gente não se viu mais. Ás vezes, quando nos encontramos, eu ainda sinto um "click" e o mundo para por um segundo, mas passa e eu continuo a correr.

 Entretanto, foi bom. Obrigada por aquela banda que você me apresentou, e me desculpe por aquela que eu não consigo engolir. Obrigada pelos textos trocados, ainda que alguns tenham doido de formas estranhas. E obrigada também pelos detalhes que eu sei que você não percebeu.

Quando foi que eu parei de ler?


Eu me lembro do primeiro livro que ganhei; ele não é um clássico, nem mesmo clássico infantil desses tão ostentados como a primeira leitura. Eu conheci por uma propaganda na lateral de um site, que falava sobre um jogo de Monster High. Ta aí: eu não comecei com um livro que enche de nostalgia a geração anterior.

Recordo-me dos dias que se seguiram depois que eu ganhei, só queria que todo mundo soubesse de sua existência. Minhas colegas de classe começavam a desvendar o mundo e eu só queria decifrar aquelas paginas tão belas, com as bordas rosa mais bonitas da minha [atual] estante.

Em algum momento, eu comecei a ler livros com mais frequência, quase um por dia nas férias. Aquilo era visto como muito bonito e inteligente. E, no fim a verdade é que quando criam uma boa imagem de nós, ainda que seja de uma coisa passageira, passamos a ter medo de perdê-la.

Não sei como surgiu a ideia de criar o blog, mas o principio central era ter um lugar para falar dos livros que eu gostava com alguém que conseguisse entender. Pobres pessoas incultas que me rodeavam, como podiam ler tão pouco? Certamente havia algo de errado nelas.

Mais tarde, começaram aquelas vozes internas dizendo que as resenhas não eram boas, ou melhor, como as de fulano que conseguiu parceria com editoras que eu nem tinha coragem de me inscrever. Sinto escancarar a realidade, mas pra muitos as parcerias são uma coisa só: status.

Eu queria conhecer as editoras, saber que eu ajudaria a divulgar um autor. E nem estou me referindo a parcerias, eu só queria ser vista. Criar uma imagem própria seria bom, então o principio do nunca mentir acabou surgindo. Não sei se foi só impressão, mas uma vez eu senti que poderia ter magoado um autor por dizer a verdade. Eu elogiei o livro sim, e muito, mas às vezes eu queria que outras pessoas dissessem ao autor aquilo que ele precisava saber e espero que tenham sido útil.

Um dos últimos livros que eu peguei sem essa sensação de que não duraria 50 páginas é de uma escritora especial. Não é dessas que eu mato de elogios aqui no blog, mas uma que foi incrível na vida real. Eu senti uma pressão tão grande pra ler o livro e gostar, que simplesmente não consegui.

Pronto, juntou as coisas: eu não queria correr o risco de magoa-la sendo grossa sem perceber, eu não queria demorar pra me decidir entre resenhar ou não (mas eu sabia que ela acabaria lendo), eu tinha que ler mais, trazer resenhas... mas, novamente, eu não queria.

Faz alguns dias em que o Green disse que já não se sentia tão bem escrevendo e eu não imaginaria entendê-lo tão bem. Aos poucos eu retomo o habito da leitura, eu já li alguns poucos livros desde então e prestei muito mais atenção do que naqueles em que havia toda aquela pressão. Ninguém lia, eu sei, e ninguém sentiu falta quando eu sumi, mas faltava que uma pessoa aceitasse cada detalhe da minha escrita. Eu nunca vou escrever como fulano ou siclano, mas esse tempo pra entender e rever meus hábitos em tudo o que se relacionava ao blog e aos livros foi muito saudável e construtivo.


Vejo vocês no próximo post ;)

Você sabe o que é Aviso de Gatilho?


Trigger Warning, TW ou Aviso de Gatilho, como o nome já diz, é um mecanismo para evitar que as pessoas entrem desavisadas num ambiente que possa causar-lhes sensações ruins, como ansiedade e panico. É comumente usada em grupos virtuais que abordam temas polêmicos. Se você já se deparou com [TW], [TW: Abuso] ou alguma variação, então você já o conhecia e sabia seu uso, mesmo antes de estar ciente de seu significado.

[Resenha] A Seleção #5 - A Coroa


Autora: Kiera Cass
Ano: 2016 | Páginas: 310
Idioma: português 
Editora: Seguinte

Olá, pessoas bonitas! Eu morri de saudades nesse tempo que tive que ficar distante, mas fiquei muito feliz quando cheguei aqui e vi que já somos 350! Cada pessoa que se dispõe a gastar alguns minutinhos pra me (nos) visitar é muito especial pra mim, muito obrigada!

Recentemente uma das minhas series favoritas chegou ao fim. Doeu um pouco no inicio, mas sei que tudo acaba e já estou ansiosa pelo que a Kiera trará de novo. Enquanto não saem noticias de proximos livros, vou compartilhar minha experiencia com A Coroa.

Meu livro chegou uma semana depois do lançamento (pré-vendas...) e eu confesso que saí pedindo e procurando spoilers, foi mais forte que eu. Minha impressão antes mesmo de ler é que o livro seria muito raso, inclusive uma blogueira classificou como decepcionante. Graças aos deuses, ao fim da leitura minha opinião foi completamente diferente.

Para quem ainda não leu a herdeira e está perdido: a filha da America está executando a Seleção - contra sua vontade - no primeiro livro a mesma foi iniciada e conta a reação inicial da garota. Neste, vemos uma Eadlyn mais madura conduzindo com mais maturidade e responsabilidade todo o processo.

"Em A Herdeira, o universo de a Seleção entrou numa nova era. Vinte anos se passaram desde que America Singer e o príncipe Maxon se apaixonaram, e a filha do casal é a primeira princesa a passar por sua própria seleção. 

Eadlyn não acreditava que encontraria um companheiro entre os trinta e cinco pretendentes do concurso, muito menos o amor verdadeiro. Mas às vezes o coração prega peças… e agora Eadlyn precisa fazer uma escolha muito mais difícil - e importante - do que esperava. 

America Singer e o Príncipe Maxon se apaixonaram, e a filha do casal é a primeira princesa a passar por sua própria seleção. 

Eadlyn não acreditava que encontraria um companheiro entre os trinta e cinco pretendentes do concurso, muito menos o amor verdadeiro. Mas às vezes o coração prega peças… e agora Eadlyn precisa fazer uma escolha muito mais difícil - e importante - do que esperava."

Muitas das criticas que li eram focadas no romance principal, entre Eadlyn e quem ela escolhe. Ao meu ver, ele foi bem construído e é capaz de deixar o leitor visualizar sua construção no decorrer da leitura, como um desenho delicado feito aos poucos. Assim como America deixou que o destino a conduzisse de encontro ao Maxon, os pequenos momentos mostraram que Ead e ele não seriam plenamente felizes caso tivessem que se separar, a vida simplesmente não teria graça de verdade. A Kiera fez muito bem fugindo do clichê e eu não mudaria nada nesse aspecto.

Um ponto que me agradou muito e contribuiu para que minha opinião fosse tão positiva é o crescimento da protagonista. Se em A Herdeira vemos uma personagem mimada, egocêntrica e a par das coisas importantes, agora ela mostra seu potencial para rainha, com toda a sabedoria e vontade necessárias para se superar. 

Além de Eadlyn, Josie também mudou bastante, a ponto de eu nem perceber quem era ela até resolver pesquisar na internet se quem aparecia era realmente a filha de Marlee, pois eu achei que a mesma havia sido "esquecida". Ao final, quando eu comparei os dois livros, fiquei muito feliz com sua evolução. Viver à sombra de alguém não é fácil, nem atrativo, e foi excelente ver a personagem descobrindo que ser quem é também é legal.

De toda a série este foi o livro mais fino, o que causou um leve aperto no coração. Quando dei por mim, já estava na metade e, de repente. no fim de uma história que me proporcionou tantos momentos bons. A leitura foi super rápida, coisa de uma tarde, e eu não sei se me arrependo de ter lido tão rápido invés de pausar, pois é muito dificil parar uma leitura que fluiu tão naturalmente. 

A capa também me surpreendeu (podem me julgar). Quando vi na internet ela pareceu horrível, mas pelo tamanho afeto gerado, eu acabei por acha-la bem bonita. Não é a capa de A Escolha, mas também não é tão ruim assim.

Termino a série feliz, com a certeza de que cada personagem teve sua oportunidade de crescer e causar coisas boas. Seria muito egoismo querer que ela se prolongue, pois acabou, simples assim. Sei que não faltou nada e que a Kiera tem talento suficiente para nos trazer coisas maravilhosas. Eu amo, amo muito, e às vezes me pego folheando os livros, mas hoje me "despeço" oficialmente e desejo a felicidade de cada personagem.